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Contra a crise, brasileiros vão viver em Portugal

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Portugal está na moda. Basta caminhar pelas cidades de Lisboa, Cascais ou Porto para chegar a essa conclusão. Além do turismo, principalmente na alta temporada, há novos restaurantes, bares, cafés e lojas em cada esquina. E, nos últimos anos, Portugal tem sido a escolha de muitos brasileiros que buscam fugir da crise econômica do País e querem uma melhor qualidade de vida.
Hoje, cerca de 80 mil brasileiros residem em Portugal com vistos regulares, segundo dados do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), órgão responsável pelo controle de imigração português. Mas esse número deve ser ainda maior, pois brasileiros com passaporte europeu ou que estão no país irregularmente somem das estatísticas.
“Entre os atrativos para os brasileiros, estão a qualidade de vida, a facilidade da língua, o clima, a proximidade entre as culturas, a oferta de boas universidades e o fato de Portugal estar muito em voga atualmente”, afirma Álvaro Fagundes, segundo secretário do Consulado-Geral do Brasil em Lisboa.
Com mercado de trabalho pouco aquecido e um dos salários mínimos mais baixos da Europa Ocidental (€ 557), mudar para Portugal é uma alternativa para brasileiros que já têm suporte financeiro. É o exemplo do fotógrafo Jorge Abud, de 50 anos, que há seis meses trocou seu apartamento no bairro dos Jardins, em São Paulo por um na Estrela, na zona central de Lisboa. “Amo o Brasil de paixão, mas minha vida é mais simples e tranquila aqui. Não tenho carro, não fico horas no trânsito, quando preciso de carro para viajar alugo e não me preocupo mais com isso”, conta Abud.
A aquisição imobiliária feita por Abud lhe conferiu o chamado Golden Visa, ou Autorização de Residência para Atividade de Investimento (ARI). Trata-se de um programa do governo português que concede a autorização de residência para estrangeiros por meio da transferência de capitais no valor mínimo de €1 milhão, da criação de dez postos de trabalho, da compra de imóveis a partir de € 350 mil, no caso de construções que tenham mais de 30 anos ou que estejam em área de reabilitação urbana, entre outros investimentos.
Esse tipo de visto bateu recorde em 2017: foram emitidos 185 só nos primeiros sete meses do ano para brasileiros, segundo o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras. Entre 2012, quando o visto foi criado, e 2016, foram 247.
Mercado aquecido
De olho no poder aquisitivo desse público, as imobiliárias e empreendimentos de luxo portugueses realizam feiras e eventos no Brasil para chamar a atenção de clientes em potencial.
Miguel Poisson, diretor da Sotheby’s International Realty de Portugal, líder no segmento de alto padrão, esteve recentemente viajando por São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte para mostrar os novos lançamentos no portfólio da empresa. “No nosso segmento, os brasileiros representam 10% das aquisições, atrás apenas dos ingleses e dos franceses”, diz Poisson. “É a nacionalidade que mais está crescendo nesse sentido. A média de valor dos imóveis vendidos para os brasileiros é de € 900 mil.”
Localizado entre Sintra e Lisboa, o empreendimento de luxo Belas Clube de Campo, que conta com um campo de golfe, faz muito sucesso entre brasileiros.
“Nessa nova fase do projeto, eles já representam 65% das vendas” afirma o empresário André Jordan, fundador e presidente executivo do grupo de mesmo nome responsável pelo local. “Acho que os brasileiros vêm para Portugal porque dá para viver bem com menos dinheiro aqui”, diz Jordan.
Maria Empis, diretora da consultoria especializada em investimento imobiliário Jones Lang LaSalle (JLL) em Portugal, também vê um interesse crescente por parte dos brasileiros. “No setor residencial, eles são os que mais compram na região de Lisboa, perdem apenas para os portugueses”, afirma a executiva.

Vivendo entre Brasil e Portugal, o economista Renato Breia, de 31 anos, conta que já perdeu imóveis em que estava interessado porque de um dia para o outro eles eram vendidos. “É difícil conseguir um bom negócio imobiliário hoje na região de Lisboa sem bater perna”, diz Breia, que no início do ano comprou um apartamento de dois quartos por € 270 mil em Saldanha, no centro de Lisboa. “Portugal está sendo redescoberto.”

Mas não é só por causa dos atrativos turísticos que ele decidiu fazer as malas para morar no país da península ibérica. No início de 2016, o economista investiu na abertura de uma filial em Portugal da consultoria financeira Empiricus. “A gente achou que era uma boa porta de entrada para o mercado europeu”, afirma o empresário, que tem cidadania portuguesa desde pequeno.
Há seis meses morando no Porto com a família, o analista de imóveis Marcio Fenelon, de 47 anos, também deve investir no país em breve. “Eu não contava com isso. A ideia era continuar com meus negócios no Brasil, mas vi uma boa oportunidade para investir aqui”, conta ele, que viajou com visto de residência para titulares de rendimentos, em que é preciso comprovar uma determinada renda de acordo com o número de familiares.
O plano de Fenelon é adquirir apartamentos deteriorados, mas bem localizados na região do Porto, reformá-los e alugá-los como alojamento temporário para turistas. “Muita gente tem vontade de vir, mas acaba esbarrando na questão profissional. Acho que para quem tem a oportunidade de empreender ou trabalhar remotamente é um destino ideal”, afirma.
A empresária Adriana Schmidt Raub, de 41 anos, e seu marido, o americano Kevin Raub, se conheceram em Fernando de Noronha (onde ela tem uma agência de turismo) e moraram por sete anos em São Paulo antes de se mudarem para Parede, que faz parte do município de Cascais, em Portugal, segundo publicação do Diário de Pernambuco.
“Procuramos um lugar com custo de vida adequado, que ficasse bom para os dois e tivesse segurança e tranquilidade, porque ele nunca se acostumou muito com o Brasil”, conta Adriana, que viaja pelo menos três vezes por ano para o Brasil por causa do trabalho.
Mar
Para Luciana Trajano, sócia da consultoria Lisboa Se Faz Favor, especializada no atendimento de pessoas que estão indo morar ou investir em Portugal, a maior insatisfação dos clientes brasileiros é com a segurança no País: “Principalmente quem tem filhos.”
Mas se a segurança parece ser fator fundamental para todos os brasileiros que vão para Portugal, para os cariocas, estar perto do mar é também decisivo.
“Fazemos um tour de orientação para nossos clientes, mostramos Lisboa e Cascais e, quase sempre, eles acabam preferindo Cascais. Acho que o estilo de vida é mais parecido com o do Rio de Janeiro”, afirma Fabiana Barcellos, da agência We Host You, que auxilia brasileiros no processo de mudança e integração em Portugal.
Enquanto alguns estudiosos nomeiam esse fluxo migratório crescente do Brasil para Portugal como a quarta fase de um fenômeno que teve início nos anos 80, o português José Leitão, ex-alto comissário para as Migrações de Portugal, recorda que esse movimento costuma acontecer quando algum dos países está em crise. “Penso que sempre houve uma circulação tradicional entre os dois países. É natural as pessoas emigrarem para melhorar sua situação de vida quando não há emprego ou a insegurança social aumenta.”

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Com voto favorável de Efraim, Senado aprova isenção do IR para até dois salários mínimos

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O Plenário do Senado aprovou na última quarta-feira (17/04) o projeto de lei que modifica as regras de isenção de Imposto de Renda, beneficiando pessoas que ganham até dois salários mínimos. O PL 81/2024, originado na Câmara dos Deputados, segue para sanção presidencial.

De acordo com o projeto, quem ganha até R$ 2.259,20 por mês não precisará pagar Imposto de Renda. Atualmente esse limite está em R$ 2.112. O projeto também reajusta os valores da parcela a deduzir das demais faixas de tributação, que permanecem nos patamares atuais.

O senador paraibano, Efraim Filho (União Brasil), que votou favorável a aprovação do projeto, celebrou mais “uma conquista” para a população.

“Mais uma vitória para a população brasileira. Menos impostos, mais alívio. Uma conquista para todos os brasileiros!”.

Confira:

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TSE anula cassações de prefeito e vice que teriam praticado suposta compra de votos em 2020

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O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) reformou a decisão do Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE-RJ) que havia cassado os mandatos do prefeito e do vice-prefeito de Armação dos Búzios (RJ), Alexandre Martins e Miguel Pereira, por suposto abuso de poder econômico nas eleições de 2020. Com a decisão da quinta-feira (18/04), foi cancelada a nova eleição para os cargos, que estava marcada para 28 de abril. Os políticos deverão, agora, retornar aos cargos.

Por maioria de votos (4 a 3), o Plenário acompanhou a linha de voto do ministro Floriano de Azevedo Marques, que acolheu o recurso da chapa afastada. De acordo com o ministro, as provas do processo não demonstraram que o dinheiro, apreendido dentro de um carro de um suposto apoiador dos candidatos, estava sendo utilizado para a compra de votos de eleitores no dia da votação, ou que teria ocorrido a distribuição de outras vantagens.

“Não há provas, para além da planilha [encontrada no carro por policiais], de que esse gasto de distribuição de cesta básica e de limpa-fossa foi efetivamente realizado. Não se tem um depoimento de beneficiário ou de uma testemunha que tivesse visto esse serviço ou a distribuição dessas cestas básicas” disse Floriano de Azevedo Marques.

Segundo ele, esses elementos não revelam, por si só, que as condutas ilícitas foram praticadas. “Aqui poderia o TRE ter investigado a veracidade e efetividade desses indícios, ouvindo testemunhas ou inquirindo movimentações. Nada disso foi feito”, afirmou o ministro.

Na sessão de 7 de março deste ano, a relatora do caso, ministra Isabel Gallotti, votou pela cassação da chapa do partido Republicanos, decidida pelo TRE do Rio de Janeiro. O julgamento do recurso dos políticos foi retomado nesta quinta, a partir do voto do ministro Floriano de Azevedo Marques, que havia solicitado vista do processo logo após o voto da relatora.

Acompanharam o posicionamento vencedor os ministros Alexandre de Moraes (presidente do TSE), Ramos Tavares e Nunes Marques. A ministra Cármen Lúcia e o ministro Raul Araújo seguiram o voto da relatora.

Entenda o caso

Em setembro de 2022, o TRE do Rio de Janeiro confirmou a cassação do mandato do prefeito e do vice-prefeito de Armação dos Búzios, Alexandre Martins e Miguel Pereira, por abuso do poder econômico nas eleições 2020. Para a Corte Regional, os políticos teriam sido beneficiados por esquema ilícito de compra de apoio de eleitores na data do pleito daquele ano, 15 de novembro.

No dia da eleição, por meio de denúncia anônima, policiais militares apreenderam em um carro, parado próximo a um local de votação, R$ 6,2 mil e material de propaganda dos candidatos. Além disso, os policiais encontraram anotações de pagamentos a colaboradores e supostos benefícios dados a eleitores, como compra de cestas básicas.

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MPF processa deputados federais e pede indenização por danos morais coletivos a povo indígena

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O Ministério Público Federal (MPF) ajuizou ação civil pública contra os deputados federais Ricardo Salles (PL-SP) e Luciano Zucco (PL-RS), requerendo indenizações por danos morais coletivos em favor do povo indígena Pataxó, etnia que povoa a Terra Indígena Barra Velha, localizada no extremo sul da Bahia.

A ação é consequência de incidentes ocorridos em agosto de 2023, quando os parlamentares, acompanhados de policiamento federal, assumiram postura intrusiva, hostil e desrespeitosa diante de indígenas Pataxós com falas que não contribuem em nada para pacificar a região, sabidamente conflituosa. “Sem fazer parte do Poder Judiciário, a quem cabe constitucionalmente tratar das questões concretas – e processos judiciais decorrentes – envolvendo controvérsias fundiárias e territoriais, os parlamentares federais agiram como se tivessem alguma função a exercer ali. Afinal, o que lá foram fazer?”, questiona a ação.

O MPF pede à Justiça a condenação dos deputados federais ao pagamento de indenização não inferior a 10% de seus respectivos patrimônios, atualizadas monetariamente e acrescidas de juros. O montante indenizatório deve ser destinado ao povo Pataxó, ocupante da Terra Indígena Barra Velha, como reparação pelos danos morais e existenciais infligidos. Foi pedida ainda a condenação dos deputados ao pagamento dos custos do processo, além da intimação do Ministério dos Povos Indígenas (MPI) e da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), para que informem se possuem interesse em participar da causa.

“As condutas praticadas pelos parlamentares demonstram a naturalização de atos discriminatórios contra essa população vulnerável na sociedade brasileira. Isso constitui terreno fértil para a reprodução simbólica dessas ideias e contribui com a perpetuação destes mesmos atos e ideias desprezíveis em nosso meio social, em incontestável contrariedade ao que dispõe a legislação. Suas ações, longe de serem protegidas pela imunidade parlamentar, representam uma clara violação dos princípios democráticos e dos direitos constitucionais”, ponderou o MPF, em trecho da ação.

Entenda o caso – Chegando de modo repentino em área integrante da TI Barra Velha, sem aviso prévio às comunidades ou à Funai, os parlamentares agiram de forma desmedida causando indignação e repúdio do povo Pataxó. As atitudes e declarações de ambos os deputados, segundo o MPF, são desprovidas de mínimo fundamento, pois eles nada testemunharam. Ouviram alguma versão, a tomaram como ‘verdade’, sem processo, sem contraditório, sem apuração e, mais grave, resolveram se deslocar ao local, acompanhados da Polícia Federal, para intimidar os indígenas e ofendê-los em sua própria existência e dignidade na busca pelos direitos que lhes são constitucionalmente assegurados. A Coordenação Regional da Funai no Sul da Bahia salientou que os fatos ocorreram “no interior da área contida no processo de Identificação, Delimitação e Demarcação – RCID da Terra Indígena Pataxó Barra Velha do Monte Pascoal, no qual corresponde a 52.748 hectares, conforme o Despacho/Presidência da Funai, nº. 04, de 27 de fevereiro de 2008, publicado no Diário Oficial da União”.

A postura dos parlamentares foi criticada por representantes locais e por organizações de defesa dos direitos indígenas.

O MPF também aponta a relação indissociável entre o “Movimento Invasão Zero” e a “Frente Parlamentar Mista Invasão Zero”, esta liderada pelos deputados federais processados, fatores que além de elevar o risco aos povos da região, também resultaram em ataques e tragédias evitáveis como as diversas vidas indígenas perdidas após a ação dos parlamentares na TI Barra Velha.

“O impacto negativo dessas ações vai além do local, minando a legitimidade dos direitos indígenas em nível nacional e alimentando discursos de ódio. A necessidade de reparação para as comunidades afetadas é destacada como essencial para desencorajar futuras violações de direitos e garantir a dignidade dos povos indígenas”, conclui o procurador da República Ramiro Rockenbach, responsável pela ação.

Ação Civil Pública nº 1002514-53.2024.4.01.3313

Consulta processual

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