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O que sugerem os números da pesquisa Ipec para governador na Paraíba?
A pesquisa Ipec (Inteligência em Pesquisa), a primeira do referido instituto para governador no segundo turno da campanha eleitoral na Paraíba, talvez já forneça pistas do que pode ocorrer nas urnas no dia 30, embora seja preciso se ressaltar, com todas as letras, que as pesquisas não são o resultado das urnas e que os levantamentos eleitorais erram, já que, muitas vezes, não conseguem captar o movimento último dos eleitores.
Pelo Ipec, João Azevedo com 53% e Pedro com 47%, já acresceram 36,4% dos votos válidos registrados nas urnas no primeiro turno das eleições. Mais do que os 35,84% obtidos por Nilvan Ferreira (18,68%) e Veneziano Vital do Rego (17,16%). Significa que já houve exaustão e que os dois candidatos precisam buscar outras fontes de votos para se quiserem aumentar a votação.
Os índices do Ipec sugerem ainda que o ex-governador Cássio Cunha Lima tinha razão quando avaliava que o filho, Pedro Cunha Lima, seria o candidato mais competitivo no segundo turno da disputa na Paraíba. Levando-se em consideração os votos válidos do primeiro turno (2.176.44), Pedro, com 47% dos votos válidos, apontados pela pesquisa, quase duplicou sua votação. Ele obteria hoje, segundo projeção com base na pesquisa, 1.022.926 votos, 502.771 votos a mais do que os 520.155 obtidos no primeiro turno.
O problema de Pedro é que grande parte dos votos de Veneziano e Nilvan não era de oposição ao governo ou ao governador, mas apenas uma opção. Com 343.019 votos na frente de Pedro, João precisaria, para vencer a disputa, conquistar a metade da maioria formada pela soma dos votos dos outros três candidatos, algo em torno de 219 mil votos, uma vez que Pedro, Nilvan e Veneziano somaram 1.300.270 votos. João ficou com 863.174.
Ocorre que, em projeção com base nos votos válidos do primeiro turno, o governador João Azevedo já terá acrescido mais de 290 mil votos ao seu patrimônio eleitoral, o suficiente para fazer maioria no cômputo geral da disputa. Pela pesquisa, os 53% de João equivaleriam a 1.153.515 votos, o que indicaria um resultado final com cerca de 130 mil votos de maioria em favor do governador.
As eleições estariam, então, resolvidas na Paraíba. Não, não estão. Existe apenas o resultado de uma pesquisa cuja leitura do intrincado de números aponta uma ligeira tendência. Observe-se que a pesquisa aponta 6 pontos percentuais de diferença. Com pouco mais da metade, se subtraído do adversário, é possível se operar uma virada. Cerca de 6 mil votos por dia. É bastante difícil, até porque o esquema do governador também tem agido para conquistar mais votos, mas não é impossível.
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Racha no PL da Paraíba: uma trama política para ‘dramalhão mexicano’ nenhum botar defeito

Desde que o ex-presidente Bolsonaro enfrentou uma derrota eleitoral, o Partido Liberal (PL) da Paraíba tem sido palco de uma verdadeira novela política, repleta de divergências e rachas que parecem não ter fim à vista. Os integrantes da legenda, outrora unidos, começaram a se dividir após esse revés eleitoral, desencadeando uma avalanche de conflitos internos.
De um lado, está o deputado federal Wellington Roberto, presidente da sigla na Paraíba, que obteve o aval de Bolsonaro para apoiar a candidatura do ex-ministro Marcelo Queiroga à Prefeitura. No entanto, essa decisão provocou a ira de uma ala bolsonarista em João Pessoa, composta por Cabo Gilberto, Walber Virgolino e Nilvan Ferreira, formando um intrigante “triunvirato”.
A partir desse ponto, assistiu-se a uma série de trocas de acusações e alfinetadas de ambos os lados culminando na destituição do deputado federal Cabo Gilberto da presidência do PL em João Pessoa.
Este último não poupou críticas a Wellington Roberto, acusando-o de manobras e comportamento típico de coronel. Em contrapartida, o presidente do PL na Paraíba defendeu o partido como um projeto político genuíno, rejeitando qualquer insinuação de oportunismo.
A incerteza paira sobre os próximos capítulos dessa intrincada trama política. Os desdobramentos nos próximos dias prometem continuar a surpreender e a manter a atenção da população, revelando os rumos que essa novela política tomará e quais serão suas consequências para o cenário político paraibano.
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Distante do cotidiano de Campina Grande, conversa de Cássio com Tovar não surtiu efeito

No fim do mês passado registrei aqui – e outros colegas da imprensa fizeram o mesmo – que o ex-senador Cássio Cunha Lima havia mantido, em Brasília, um encontro com o deputado estadual Tovar Correia Lima (PSDB).
Na conversa entre os dois o ex-senador teria renovado o pedido a Tovar (e por lógica, indiretamente, a Romero) para arrefecer os ânimos e divergências, mantendo o grupo unido em Campina.
Naquele momento existiam especulações sobre uma possível adesão de Tovar à base do governador João Azevêdo (PSB).
Pois bem. Quase um mês depois, algumas constatações podem ser feitas.
Sem mandato há anos e distante do cotidiano de Campina Grande, o ex-senador não conseguiu, pelo menos por enquanto, garantir a reunificação do grupo.
Por alguns dias a temperatura até foi abrandada, mas as chamas voltaram a ser vistas. Ou melhor: publicizadas de lado a lado, nas redes sociais, em forma de fotografias.
As agendas dessa semana em Brasília com o prefeito Bruno Cunha Lima (PSD) ao lado do senador Veneziano Vital (MDB), e o deputado federal Romero Rodrigues (Podemos) recebendo lideranças da base de João em seu gabinete, são um sintoma de que nada, absolutamente nada, mudou.
Romero tem sido, reiteradamente, cortejado pela oposição para disputar a prefeitura campinense no próximo ano; enquanto Bruno tem apostado cada vez mais as fichas da reeleição nos resultados de uma parceria política e administrativa com Veneziano.
Há um mês, quando noticiei aqui a conversa de Cássio e Tovar, observei que o ex-senador atuava naquele instante como ‘bombeiro’. Agora, até onde a visão é possível alcançar, pode-se afirmar que os extintores usados não surtiram efeito.
Longe do convívio da cidade, a força da água lançada, ao que parece, já não é mais a mesma.
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Quadro muda e cresce chance de o PT lançar candidato em João Pessoa

Diferentemente do que ocorria há seis meses, o clima no PT mudou substancialmente em relação à disputa pela Prefeitura de João Pessoa.
Em março, quando as primeiras pré-candidaturas surgiram, o presidente estadual da legenda, Jackson Macedo, considerava o movimento um “erro grosseiro”. Primeiro, porque a direção nacional do partido ainda não havia deflagrado o processo de discussão interna sobre as eleições municipais; depois, porque entendia que o partido só deveria lançar candidato em condições de disputar para vencer, e ainda avaliava outras alternativas, como a possibilidade de aliança com um possível candidato do PSB.
Havia também à espera pela definição da tática eleitoral do PT, sabendo-se de antemão que uma recomendação seria a política ampla de alianças para garantir a governabilidade da gestão Lula e facilitar a reeleição do presidente em 2026.
Neste particular, havia uma expectativa de que o prefeito Cícero Lucena pudesse migrar para um partido de esquerda, talvez o PDT, produzindo a chance de uma grande aliança de todas as forças progressistas já alinhadas no segundo turno das eleições para governador e presidente.
A conjuntura interna no PT da Capital é totalmente diferente no momento. Todas as correntes locais defendem a candidatura própria.
Uma primeira razão é a impossibilidade de seguir o PSB do governador João Azevedo e se compor com o prefeito Cícero Lucena. Não especificamente por sua filiação ao Progressistas. Mas pela distância e frieza do prefeito para com Lula e o PT. Não existe uma declaração ou um gesto de Cícero que possa facilitar a abertura mínima de um diálogo pela base, ou seja, aqui no município.
Como o governador João Azevedo tem sido enfático nas afirmações de que o PSB manterá a aliança com Cícero, os petistas se desencantaram em relação à possibilidade de formação de uma aliança progressista e, assim, criou-se, internamente, o quadro favorável ao lançamento de uma candidatura própria.
Lógico que o argumento principal é o da necessidade de fazer a defesa do governo e da candidatura de Lula à reeleição. Assim, a maioria das correntes locais fechou com a defesa de uma candidatura petista, tendo três pré-candidatos interessados – Luciano Cartaxo, Cida Ramos e Estela Bezerra. A decisão final, no entanto, depende da Executiva nacional do partido.
Antes, porém, ainda que todas as correntes defendam a candidatura própria, o PT tem alguns problemas a enfrentar.
Como definir o candidato?
O deputado Luciano Cartaxo defende o critério de pesquisa, previsto em documento recente aprovado na Executiva nacional. Os dois outros pré-candidatos – deputada Cida Ramos e a ex-deputada Estela Bezerra- defendem que a escolha seja feita pela militância, como são a tradição e regras históricas do partido. Essa posição é também defendida pelo deputado federal Luís Couto e o ex-governador Ricardo Coutinho, líderes com prestígio na legenda em Brasília.
Com quem o PT fará aliança?
Outro problema pode ser o isolamento do PT em João Pessoa. No momento, os dois outros partidos da federação – PCdoB e PV – estão na base do governador João Azevedo e tendentes e apoiarem à reeleição do prefeito Cícero Lucena. Ainda no campo da esquerda, o PDT e o Solidariedade também deverão ficar com Cícero e a Rede Sustentabilidade com o PSOL devem ter seu próprio candidato. Assim, fica complicado para o PT.
Haverá unidade interna?
Uma questão que já ronda o PT de João Pessoa feito fantasma adiantado é a da unidade após a escolha do candidato. Os grupos de Cida e Estela, com Luís Couto e Ricardo, apoiarão a candidatura de Luciano Cartaxo? Cartaxo apoiará Cida ou Estela, formando ao lado de Ricardo Coutinho?
Lógico que existe a possibilidade, embora remota, de o presidente Lula usar seu prestígio e força política para fazer o liame entre todas as correntes na Paraíba. Mas aí surge outra questão:
E Lula vem fazer campanha contra o governador João Azevedo na Paraíba?