*Por Josival Pereira
Feito bumerangue, a discussão sobre a confiabilidade do vice-governador Lucas Ribeiro e seu grupo político vai e volta. Com os sinais cada vez mais evidentes que o governador João Azevedo será candidato a senador, a questão ganha ainda maior dimensão, como tem ocorrido nas últimas horas.
Interessante observar, porém, que, de seu lado, o governador João Azevedo, em seu estilo direto, tem repetido, até com certa insistência, que esse problema da confiabilidade não existe. Voltou a afirmar, nesta segunda-feira, que confia em Lucas para passar o governo, caso seja candidato a senador, e, em consequência, também para ser o candidato a governador.
Não é parolice. O governador João Azevedo não costuma falar demais nem adotar antigos modelos políticos de falar somente para agradar. Além disso, João não parece ideológico daqueles que acham que apenas seu partido político ou seu grupo de interesse precisa ocupar o poder.
A ideia que o governador parece cultivar é a da manutenção da união da aliança existente desde 2022, sem levar em consideração as conotações ideológicas (esquerda, direita, centro), mas muito mais atinado com o alinhamento de programas. A situação da disputa nacional para presidente poderá embolar um pouco, mas dificilmente terá força para atrapalhar o curso dos alinhamentos políticos no Estado.
Assim, o governador João Azevedo não terá problema de confiança com o vice-governador Lucas Ribeiro e a família Ribeiro. Não terá o governo, como tem, mas terá aliados firmes.
Da mesma forma, o governador não terá problemas se o candidato a governador for Adriano Galdino ou Cícero, muito menos se tiver o aliado próximo, Deusdete Queiroga Filho, no governo.
O problema do governador e das forças aliadas não é de confiança ou confiabilidade. O que será, então?
O problema que se vislumbra no esquema governamental para definição de candidaturas será de o de viabilidade político-eleitoral.
Sabem os principais líderes dos partidos Progressistas, Republicanos, PSB e outros que integram o esquema, por experiências de sobra, que não existe candidato ou candidatura sem perspectiva eleitoral, sem substância nas pesquisas de intenção de voto ou pelo menos sem a possibilidade concreta de transformar capital político em votos.
Basta um exemplo para se entender a exata dimensão da questão exposta. Em 2022, o deputado Aguinaldo Ribeiro seria candidato a senador na aliança do governador João Azevedo. O decorrer da pré-campanha indicaram que ele poderia enfrentar dificuldades políticas e eleitorais. Que fez Aguinaldo? Não arriscou: trocou a candidatura duvidosa de senador pela garantida disputa por vaga de deputado federal.
Não há como fugir de um imperativo: os pretensos candidatos a governador vão ter que se viabilizar, sobretudo do pronto de vista eleitoral, tendo como prova as pesquisas de intenção de voto. É o que, inevitavelmente, vai se exigir dos possíveis candidatos da aliança liderada pelo governador João Azevedo até fins de 2025 ou início de 2026.
O vice-governador Lucas Ribeiro tem a confiança do governador e deverá reunir viabilidade política, mas conseguirá evoluir nas pesquisas ao ponto de se viabilizar eleitoralmente? O deputado Adriano Galdino conseguirá probabilidade eleitoral? Se se dispuser a ser candidato, o prefeito Cicero Lucena conseguirá manter a unidade da aliança com boa posição nas pesquisas?
As muitas discussões de agora sobre esse assunto até servem como combustível para as polêmicas políticas próprias da Paraíba, mas para quase nada além disso. O candidato a governador, certamente, será aquele que reunir as melhores condições de vitória. Quem conhece o mínimo de política sabe que não existe candidato ou candidatura sem viabilidade eleitoral. Essa é uma lei infalível. E a sentença para aqueles que a confrontam é a derrota nas urnas. Sentença quase sempre inapelável.