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Por que a Azul está tão interessada em Campina Grande e no interior da Paraíba?
O governador João Azevedo (PSB) consolidou, nesta sexta-feira, o anúncio de um conjunto de novos voos aéreos ligando Campina Grande à capitais do Nordeste e cidades do Sudeste, além do primeiro voo ligando Cajazeiras a Recife.
“Uma vitória”, segundo expressão do próprio governador, que tem feito questão de ressaltar que Campina Grande virou sede de 73 operações de linhas aéreas comerciais por semana.
Na verdade, não é pouco. Além de voos para as praças mais importantes de negócios e turismo (São Paulo e Rio de Janeiro), Campina Grande vai dispor de voos diários para Recife (menos aos domingos) e voos regulares para Salvador, Fortaleza, Natal e Belo Horizonte. Poucas capitais do Nordeste contam com tanto.
Por que Campina Grande? O mais provável é que a Azul Linhas Aéreas tenha realizado estudos de viabilidade econômica para apresentar seu plano de negócios ao governador.
E é provável que o governador João Azevedo tenha apresentado pleitos para diversas regiões do Estado. Porém, a Azul elegeu Campina Grande e Cajazeiras. O Governo entendeu ser bom para o Estado e deve ter feito as concessões fiscais necessárias.
A impressão que transparece é a de uma situação de vigor econômico em direção ao interior do Estado ao ponto de gerar demandas suficientes para atrair a Azul num momento em que a aviação comercial no Brasil atravessa conjuntura confusa e os preços de passagens são bastante elevados.
Não se pode olvidar que Campina Grande sempre foi um importante centro de negócios e sempre o polo que concentrava demandas do interior. João Pessoa se impôs econômica e socialmente nas últimas cinco décadas, mas, ainda assim, Campina Grande conservou suas estreitas ligações com o interior do Estado, além de se renovar, pela tecnologia, como centro de desenvolvimento regional. Eis uma razoável explicação para a decisão da Azul Linhas Aéreas.
Some-se a isso o significativo detalhe de que Campina Grande fica mais próximo de Santa Luzia e outros municípios do Sertão, onde estão implantados algumas dezenas de grandes projetos de energia renovável (eólica e solar) e outras dezenas em vias de implantação. Não precisa de muitos estudos para se concluir que executivos, engenheiros e outros profissionais técnicos qualificados estão acorrendo aos canteiros de obras e usinas já em operação com certa frequência. Chegam e saem da Paraíba de avião, claro. Assim, dá para entender melhor a pretensa presteza da Azul.
Com a inclusão de Cajazeiras nas rotas da Azul o governador João Azevedo consegue atender a uma antiga reivindicação de entidades empresariais e da sociedade civil local. Não era bem o que queriam, que eram voos regulares para João Pessoa, mas aceitaram bem e vão lutar para conquistarem o serviço aéreo para a Capital.
Novamente aqui é preciso registrar que, se a Azul decidiu atender ao pleito sertanejo, é por que vislumbra viabilidade comercial. E tem razão: a região polarizada por Cajazeiras é um respeitável polo educacional e de serviços. São dois cursos de medicina (um público e outro privado), dois cursos superior de enfermagem, curso de engenharia e de tecnologia, entre outros, no Instituto Federal; cursos de arquitetura, direito, administração, serviço social, filosofia e todo o leque de licenciaturas para formação de professores oferecidos pela UFCG, fundações e faculdades privadas.
O comércio é pujante e atende parte do Ceará e Rio Grande do Norte.
Ao lado de Cajazeiras, está a cidade de Sousa, que detém a maior bacia leiteira do Estado e uma indústria de laticínios – a Isis-, que tem espalhado seus produtos por todo o Nordeste, além de se constituir numa importante fronteira do agronegócio, a partir das áreas irrigadas em São Gonçalo e do projeto Várzeas de Sousa.
Do ponto de vista da infraestrutura hídrica, além dos antigos açudes Boqueirão de Piranhas, São Gonçalo e Lagoa do Arroz, a região está servida pela entrada do mais importante ramal de transposição das águas do São Francisco, projeto através do qual ganhou três novos reservatórios (um com capacidade para armazenar mais de 200 milhões de metros cúbicos) e ainda abrigará um quarto, em terras de Cachoeira dos Índios, base do canal que levará água ao Rio Grande do Norte.
Em relação a Cajazeiras, a Azul e o governo do Estado só precisam estar cientes de que, diferentemente de Patos, existe uma forte concorrência estabelecida, que é o aeroporto de Juazeiro do Norte (CE), distante apenas 130 quilômetros, dotado de voos de várias companhias para as principais praças do país desde a década de 1980. Se o entroncamento com Recife não compensar, os passageiros do Alto Sertão da Paraíba, vão continuar optando pegar avião na terra do Padre Cícero.
No geral, o movimento da Azul, atendendo pleitos do governador João Azevedo, ainda que contemplada com apoio fiscal, parece, em verdade, comprovar o deslocamento do desenvolvimento do Estado em direção ao interior (o tal desenvolvimento do interior). Ou que, dotado de boa infraestrutura de água, energia limpa, educação técnico-superior e estradas, o interior começa ostentar poderio econômico e fortes sintomas de redenção. Com economia turbinada, o interior se dá ao luxo de querer voar mais alto.
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Rebate de Pedro a Nilvan antecipa uma definição de 2º turno em João Pessoa

A imprensa do estado está repercutindo declarações do ex-deputado Pedro Cunha Lima (PSDB) que adjetiva de “fraco” o comunicador Nilvan Ferreira, ex-candidato a governador pelo PL, em 2022. A fala ocorreu em entrevista ao programa Correio Debate, nesta quarta-feira (31).
Pedro havia sido provocado a comentar críticas de Nilvan condenando sua atitude de ir cumprimentar o presidente Lula no aeroporto João Suassuna, em Campina Grande, quando da visita presidencial à Paraíba, em março, e não escondeu o incômodo.
Aproveitou, porém, para reclamar das críticas de Nilvan e o taxou de “fraco”. Não foi uma declaração contundente, ou seja, não veio acompanhada de uma cascata de críticas e considerações desabonadoras, mas não há como não avaliar que a manifestação de Pedro transborda a animosidade reinante entre o grupo político que representa e um dos principais representantes do bolsonarismo na Paraíba.
A animosidade certamente começou nas eleições municipais em 2016 em João Pessoa quando o então candidato Ruy Carneiro (PSDB) e seu grupo político (Cunha Lima) decidiram adotar a neutralidade no segundo turno, que tinha Nilvan como candidato contra Cícero Lucena.
Pode ter se agravado ainda no primeiro turno da campanha para governador, quando, em determinado momento, o ex-senador Cássio Cunha Lima começou a defender abertamente que a candidatura de Pedro seria mais competitiva num possível segundo turno, reduzindo a perspectiva de poder de Nilvan.
O ápice da animosidade deve ter chegado ao segundo turno das eleições governamentais, com NIlvan se negando a apoiar a candidatura de Pedro Cunha Lima e adotando a “neutralidade” depois de ter exigido manifestação expressa do candidato de oposição à campanha de Bolsonaro, o que não ocorreu.
Essa declaração de Pedro agora é um claro sinal de que existe um abismo político entre Nilvan e o grupo Cunha Lima, que dificilmente será superado.
Indica abertamente a antecipação de posições políticas na Capital para 2024 e a tendência de que Pedro Cunha Lima, sendo candidato a prefeito ou apenas liderando o grupo Cunha Lima, terá dificuldades de apoiar a candidatura de Nilvan Ferreira num possível segundo turno e que a recíproca será verdadeira.
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A quem interessa “queimar” Leo?

O vice-prefeito Leo Bezerra (PSB), de João Pessoa, Capital do Estado da Paraíba, volta e meia, tem sido alvo de flechas com pontas flamejantes que tentam acertá-lo em cheio para “queimá-lo” politicamente.
Isso é fato. Todo mundo ouve. Todo mundo vê.
Porém, também é nítido o fato de que os “incendiários” parecem esquecer que Leo Bezerra é um dos raros políticos difíceis de “queimar”. E isso se dá por alguns fatores muito simples, porém, inquestionavelmente eficazes e importantes: Leo é fiel ao seu grupo político e, até agora, tem saído de casa todos os dias disposto apenas a cumprir exatamente o que foi “acordado”, ou seja, o papel de um agente político que, por ventura, é um vice-prefeito que dá todo suporte para que o prefeito trabalhe de modo seguro e tranquilo.
Mas, a pergunta que faço é: a quem interessa “queimar” Leo?
Quem será essa pessoa que escolheu fazer um trabalho tão difícil e de péssima qualidade como este?
Leo Bezerra tem cumprido tão bem o seu papel que o prefeito Cícero Lucena (PP) tem feito comentários públicos e reiterados de que o seu vice “é o segundo prefeito de João Pessoa“.
Uma parceria como essa, meus amigos… os pessoenses não veem há muitos mandatos. A bem da verdade, desde o mandato de prefeito assumido por Ricardo Coutinho, lá pelos anos de 2005 que, nós, moradores e eleitores da Capital paraibana, não víamos um mandato tão harmônico entre prefeito e vice. Ou você quer me dizer que esqueceu do relacionamento político cheio de ranhuras entre o então prefeito Ricardo e o seu vice e hoje saudoso Luciano Agra?
Não me diga que você, caro leitor, também esqueceu do relacionamento político frustrado entre o então prefeito Luciano Cartaxo e o seu então vice, Nonato Bandeira, lá em 2012, que culminou em racha? Do mesmo modo que aconteceu no mandato seguinte, quando a parceria política de Cartaxo com o seu vice Manoel Júnior, em 2016, foi tão mal costurada desde o início que João Pessoa ficou praticamente sem um vice-prefeito. Tanto que, Manoel Júnior, no meio do exercício do mandato na Capital paraibana trabalhou, se afastou do cargo, fez campanha, venceu e foi ser prefeito do município de Pedras de Fogo. Inclusive, terra da qual ele realmente gostava. E nem faça cara “feinha” ao ler isso aqui. Não é porque Manoel desencarnou que vou deixar de dizer a verdade. Até porque eu disse isso publicamente várias vezes enquanto ele estava “vivinho da Silva”.
Mas, é por essas e outras que volto a perguntar: a quem interessa “queimar” Leo?
Quem é a criatura tão pequena, mesquinha e, por que não dizer “ruim”, que insiste em tentar “queimar” Leo mesmo sabendo e vendo que ele é um vice-prefeito que, finalmente, como disse lá em cima, sai de casa para cumprir o seu papel político com esmero?
Bom… seja você quem for… preciso dizer: pare! Porque a sua missão está feia e cada vez mais frustrada porque até o governador João Azevêdo, que é do PSB e, portanto, colega de partido do vice-prefeito de João Pessoa, também tem feito elogios públicos e reiterados em relação a conduta política, parceira e fiel de Leo Bezerra, inclusive, junto a sua postura quanto a sigla que representa.
Pare! Porque, a preço de hoje, Leo Bezerra que, sabidamente, segue cumprindo seu papel político com sucesso, está cada vez mais consolidado como vice de Cícero Lucena nas Eleições 2024 contando, inclusive, com apoio da base eleitoral do prefeito e dos integrantes do partido do governador.
Seja você quem for… pare! Porque me incomoda saber que você assumiu uma missão tão árdua para, praticamente, nada.
Pare! E, em nome do bem de todos os pessoenses, decida dedicar essa sua força de trabalho para, ao invés de destruir, reconstruir uma realidade onde parcerias políticas harmônicas são possíveis.
Mas, sinceramente? Seja você quem for… gostaria de sentar contigo para tomar um café acompanhado com bolinhos de queijo só para ouvir a tua história e, principalmente, saber dos teus reais interesses políticos… porque uma coisa a gente sabe: normalmente, a criança frustrada, mal educada e birrenta que não tem o brinquedo que quer tenta quebrar o do coleguinha. E eu, realmente, gostaria de te dizer que pega mal… muito mal.
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Drama do PT será barrar avanço da extrema-direita nas eleições de 2024

A participação do presidente estadual do PT, Jackson Macedo, em encontro em defesa da democracia com partidos do campo de esquerda por iniciativa do PSB ao mesmo tempo em que ocorria uma reunião promovida pelo diretório do partido em João Pessoa para discutir a conjuntura local e a apresentação de candidatura a prefeito em 2024 aumenta o fosso entre correntes petistas na capital paraibana, deixando a impressão de que as divergências por aqui são intransponíveis.
Parece se tratar de um problema local, que se repete a cada eleição. Mas não é assim. Mesmo na paróquia, os personagens se misturam. O grupo que defende candidatura própria, por exemplo, reúne duas correntes que se opunham fortemente até recentemente. São os agrupamentos liderados pelo ex-governador Ricardo Coutinho, que tem a deputada Cida Ramos como pré-candidata, e o do ex-prefeito Luciano Cartaxo, também pré-candidato. Já o presidente Jackson Macedo tem ponderado sobre candidaturas próprias na atual conjuntura.
Qual o foco principal do PT nas eleições municipais? É buscar eleger o maior número possível de prefeitos, lançando candidatos em todas as capitais e cidades onde for possível, ou tentar barrar o crescimento da extrema-direita? É promover alianças para facilitar a governabilidade do presidente Lula ou tentar ocupar mais espaços disputando prefeituras à larga?
Essa discussão já faz parte do dia a dia dos ideólogos e formuladores nacionais do PT. Faz parte das preocupações da direção nacional e deverá ser submetida a discussão em encontro nacional do partido. Será, certamente, incluída nas definições táticas da legenda, com resolução dando à Executiva nacional a responsabilidade por definições de alianças e candidaturas nas grandes cidades.
Uma corrente, que se encaminha para ser majoritária, defende que o foco do partido deverá ser impedir o crescimento da extrema-direita bolsonarista, valendo, para tanto, alianças com partidos de centro e até da direita tradicional, especialmente se essas legendas estejam ajudando ou possam ajudar a governabilidade da gestão do presidente Lula.
Outra corrente avalia que é uma ilusão apostar em alianças com partidos de direita, acreditando que nas próximas eleições presidenciais essas e legendas vão, inevitavelmente, se unir contra o PT e que, agora, no Congresso, tudo se converte em jogo de interesses, tornando a governabilidade é uma questão pontual, não de tática eleitoral.
Assim, a definição de candidaturas ou alianças em João Pessoa estará sujeita ao posicionamento do PT em relação à tática a ser adotada na conjuntura nacional. Se engalfinhar aqui não vai adiantar nada.