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Paraíba

Sem dinheiro, UFPB paralisa obras, prejudica ensino, pesquisa e extensão

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Acostumados a chegar ao restaurante universitário e encontrar iogurte no café da manhã, estudantes da UnB (Universidade de Brasília) agora convivem com a falta da bebida no cardápio, além de restrições de pães e suco.

A mudança na rotina é só um exemplo simbólico de medidas de universidades federais para reduzir as despesas devido à falta de recursos.

Os cortes no dia a dia dessas instituições pelo país também resultam em obras paradas, pesquisas comprometidas e compras proibidas, assim como vigilância e serviços de limpeza reduzidos.

Além da UnB, problemas do tipo se repetem em universidades como UFRJ (Rio), UFPR (Paraná), UFSCar (São Carlos-SP), UFPA (Pará), UFPB (Paraíba), UFJF (Juiz de Fora-MG) e UFMG (Minas), de acordo com a Folha.

Em geral, as instituições culpam os recursos contingenciados pelo Ministério da Educação, ligado à gestão Michel Temer. A pasta, por sua vez, afirma cumprir com seus cronogramas de desembolso e nega haver falta de verbas.

O volume de investimentos das federais orçado para este ano, de R$ 1,5 bilhão, já era um terço inferior ao de 2016 –e, mesmo assim, somente 60% já foram liberados.

Para a verba de custeio (usada na manutenção das universidades), a previsão era de estagnação –e houve liberação de 85% do total. O resto permanece congelado.

PLANEJAMENTO

Na Paraíba, a federal tem 45 obras afetadas. Na UFPR, houve corte em pesquisa sobre a proliferação do mosquito Aedes aegypti. A UFRJ dispensou 50% dos terceirizados. Na UFSCar, limpeza e vigilância estão prejudicados.

Reitor da UFPA (Pará) e presidente da Andifes (associação dos reitores), Emmanuel Tourinho diz que falta dinheiro para manter as atividades, que pesquisas estão comprometidas e que a situação pode piorar em 2018.

“A política adotada está aniquilando a ciência e a tecnologia, que obviamente atinge as universidade. Sem as universidades, não tem ciência no Brasil”, afirma.

Ele diz que as instituições têm problemas desde 2014, quando começou a haver contingenciamento da União, e nega problemas de gestão.

“É problema de recurso, para manter um padrão de orçamento que garanta planejamento de médio e longo prazos. Vínhamos com um planejamento que foi quebrado”, afirma Tourinho.

RODÍZIO

“Tínhamos um café da manhã excepcional, e ainda houve outros cortes, como tirar palito de dente e azeite do almoço”, diz Matheus Barroso, 21, aluno de história na UnB e coordenador-geral do DCE (diretório dos estudantes).

A universidade diz que obteve redução de 15% no valor do contrato das refeições em meio à crise e que nutricionista da UnB e da prestadora do serviço consideram adequada a qualidade nutricional.

“O iogurte aparece no cardápio, só que agora a oferta não é diária, mas em rodízio”, diz a decana de planejamento e orçamento e avaliação institucional, Denise Imbroisi.

São dois os focos do problema na UnB, segundo ela: redução orçamentária em relação a 2016 e orçamento de recursos próprios aquém da capacidade de arrecadação.

A UnB obteve R$ 26 milhões a mais que a previsão de verbas próprias (como aluguéis), mas a quantia não pode ser utilizada. A instituição diz tentar autorização do Ministério da Educação que permita usar esse dinheiro.

“Para recursos de equipamento, laboratório, livros, todas despesas precisam ser adiadas ou minimizadas.”

‘ESQUELETOS’

No Paraná, existem dez “esqueletos” de prédios inacabados na UFPR, que amarga deficit de mais de R$ 300 milhões em obras paradas ou que não saíram do papel.

As construções foram acumuladas no período de “vacas gordas”, conforme definição do reitor da instituição, Ricardo Marcelo Fonseca.

Em só um campus, no centro politécnico, são cinco estruturas pela metade. “Prédios assim são uma homenagem ao desperdício do dinheiro público”, afirma.

Para diminuição do rombo, houve corte em parte dos contratos com terceirizados, como limpeza e vigilância. Um dos projetos que sofreu corte é uma pesquisa sobre a proliferação do mosquito Aedes aegypti, liderada pela UFPR em parceria com universidades de dez Estados.

Na Paraíba, a UFPB tem 45 obras paralisadas ou inacabadas nos quatro campi, 25 delas em João Pessoa. Há outras 19 licitadas e que não foram iniciadas por falta de recursos, além de prédios inaugurados sem encanamento.

A UFRJ alega ter perdido 13,5% de recursos neste ano, ficando com um orçamento semelhante ao de 2014. Foram dispensados 50% dos terceirizados nos últimos três anos, atuantes na segurança, limpeza e manutenção.

No interior paulista, a UFSCar recebeu 13% menos que a previsão para custeio e investimento e sofreu contingenciamento adicional de 40% (investimentos) e 15% (custeio), segundo a reitora, Wanda Hoffmann. Isso afetou áreas como limpeza, vigilância, manutenção predial e materiais de consumo, além de haver obras paradas e projetos comprometidos.

“Vamos ter dificuldade de construir prédios previstos [para cursos recentes], contratar docentes e servidores, ou seja, de uma forma geral as atividades de ensino e pesquisa sofrem também com essa diminuição de recursos.”

A UFJF diz que seu principal problema é a incerteza em relação ao descontingenciamento, que impacta de obras a laboratórios, computadores e livros. “Estamos contendo qualquer expansão em bolsas, terceirizados e contratos, e aumentando controle sobre viagens e diários e pagamentos para pessoas físicas.”

“O que mais preocupa é a precarização do ensino, especialmente os de saúde. Há cursos sem prédios próprios”, afirma Victor Soares Lustosa Victor, 20, estudante de serviço social e secretário-geral do DCE da UFJF.

Na UFMG, oito obras estão paradas, sem previsão de retomada, e foram reduzidos contratos com terceirizados.

OUTRO LADO

O Ministério da Educação afirma, por meio de sua assessoria, cumprir seu cronograma de repasses às universidades federais e nega falta de recursos de sua parte.

Segundo a pasta, neste mês houve aumento do limite de empenho às instituições e foram liberados, entre recursos orçamentários e financeiros, R$ 1,2 bilhão.

O ministério diz que a liberação de 85% do orçamento de custeio (usado na manutenção das universidades) supera em 10% a proporção correspondente aos nove primeiros meses do ano, sendo suficiente para as despesas.

O MEC afirma que as universidades federais receberam recursos que já possibilitaram a entrega de 588 obras, entre projetos que tinham “cronograma atrasado de atividades” e outros “com calendário parado”.

A pasta diz também que cortes de R$ 10 bilhões, em 2015, e de R$ 6,4 bilhões, em 2016, na gestão Dilma Roussef, afetaram as universidades, mas que R$ 4,7 bilhões foram recuperados depois.

O ministério informou que as universidades federais empenharam cerca de R$ 6,4 bilhões dos R$ 7,9 bilhões já liberados –e que, por isso, há R$ 1,5 bilhão de verbas ainda não empenhadas.

“O MEC está trabalhando para aumentar ainda mais o limite, assim como fez no ano passado, quando, mesmo após o contingenciamento feito pelo governo anterior, conseguiu liberar 100% de custeio para as universidades até o fim do ano”, afirma nota divulgada pela pasta.

“Mesmo diante do atual ajuste, o valor disponível para as instituições é maior do que o disponível à época do contingenciamento em 2016”, completa o ministério.

Em relação à situação da UnB, a assessoria do ministério afirma que foram liberados R$ 210,4 milhões e empenhados R$ 155,3 milhões.

De acordo com a pasta, a quantia de custeio programada para este ano supera a de 2015 e houve um equívoco da gestão anterior do ministério na definição de 2016 –que acabou elevando a totalidade para R$ 219,5 milhões.

“Além disso, houve redução da estimativa de receitas próprias por parte da UnB.”

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Paraíba

Paraíba recebe R$ 17,1 milhões para avançar no Programa Mais Acesso a Especialistas

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A ministra da Saúde, Nísia Trindade, apresentou na terça-feira (10/12), durante a XVI Reunião do Fórum Nacional dos Governadores, em Brasília, os avanços da nova fase do Programa Mais Acesso a Especialistas (PMAE). A iniciativa marca a modernização do Sistema Único de Saúde (SUS) com foco na redução de filas, maior eficiência no atendimento e integração entre as atenções primária e especializada.

Na reunião foram assinados os Planos de Ação Regional (PARs) propostos por entes federados e aprovados pelo Ministério da Saúde. Até o momento, foram enviados 136 planos de ação regionais, abrangendo 167,9 milhões de habitantes.

Depois da aprovação dos Planos, vem a etapa seguinte para a concretização do programa: a implantação dos Núcleos de Gestão e Regulação, que têm como objetivo apoiar a implementação dos dispositivos que estruturarão o programa nas localidades, a da telessaúde, que vai tornar o atendimento mais eficiente, integrado e digital. Para 2024, a Paraíba receberá R$ 17,1 milhões, parte dos R$ 557,8 milhões que serão repassados aos gestores para a implementação dos Núcleos e 30% do valor dos planos de ação aprovados

O PMAE traz inovações como a incorporação de um modelo de remuneração baseado no cuidado integral, que prioriza o paciente. Para isso, estão sendo investidos R$ 2,4 bilhões nas áreas de oncologia, cardiologia, oftalmologia, otorrinolaringologia e ortopedia. A nova etapa também aproveita a experiência bem-sucedida do Programa Nacional de Redução de Filas (PNRF) e conta com um investimento de R$ 1,2 bilhão para as cirurgias eletivas.

“O Programa Mais Acesso a Especialistas busca reduzir o tempo de espera e melhorar o atendimento à população. Essa é uma construção coletiva, fruto da parceria com secretários de saúde estaduais e municipais, governadores e gestores do SUS. É um trabalho integrado que reflete a dedicação de toda a equipe do Ministério da Saúde”, destacou Nísia Trindade.

Integração digital e prazos mais curtos

Outro destaque mencionado é a transformação digital do SUS, com o uso intensivo de telessaúde e teleinterconsultas para conectar a atenção primária à especializada. “Estamos trabalhando para integrar os dados de saúde em uma rede nacional. Essa transição tecnológica vai permitir um monitoramento mais eficiente e reduzir problemas como o absenteísmo nas consultas, garantindo um sistema mais ágil e acessível”, explicou Nísia.

O PMAE foca em especialidades que historicamente enfrentam gargalos no sistema de saúde, como a oncologia, cardiologia, oftalmologia, otorrinolaringologia e ortopedia. O objetivo é oferecer prazos mais curtos para diagnóstico e tratamento. “Na oncologia, por exemplo, a oferta integrada incluirá consulta médica, biópsias e exames necessários, garantindo a continuidade do cuidado e integrando o programa de redução de filas para cirurgias eletivas”, destacou Nísia. 

Adesão em todo o país

Mais Acesso a Especialistas já alcançou adesão de 100% dos estados e do Distrito Federal, além de 97,9% dos municípios.

Conforme lembrou a ministra, o programa é inspirado em modelos internacionais, como os do Canadá e da Espanha, e representa um avanço significativo na oferta de cuidados de saúde especializados, promovendo qualidade, acessibilidade e eficiência para a população brasileira.

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Paraíba

MEC confirma: Estado da Paraíba pactuou 17,2 mil matrículas de tempo integral

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Redação do Portal da Capital

O Estado da Paraíba pactuou 17,2 mil matrículas de tempo integral, após o período de redistribuição de matrículas do segundo ciclo do Programa Escola em Tempo Integral do Ministério da Educação (MEC). Além da rede estadual, 215 redes municipais planejaram as matrículas para o período de 2024-2025. Isso corresponde a 96,4% das secretarias de educação municipais.

Na rede estadual, foram pactuadas 3.381 matrículas de tempo integral e os municípios paraibanos pactuaram 13,8 mil.

Em toda a região Nordeste, foram planejadas 293.938 matrículas de tempo integral. Nas redes estaduais foram pactuadas 113.620 e nas municipais foram 180.318. Ao todo, 1.753 redes municipais da região Nordeste planejaram matrículas de tempo integral para o ciclo 2024-2025, o que corresponde a 97,8% das redes da região

No Brasil, foram pactuadas 943.248 matrículas por 5.097 municípios, pelos 26 Estados e pelo Distrito Federal. O número corresponde a 92,8% das vagas ofertadas.

Tempo integral – O Programa Escola em Tempo Integral é uma estratégia para induzir a criação de matrículas em tempo integral em todas as etapas e modalidades da educação básica. Coordenado pela Secretaria de Educação Básica (SEB) do MEC, o programa busca viabilizar o cumprimento da Meta 6 do Plano Nacional de Educação (PNE) 2014-2024 (Lei nº 13.005/2014), política de Estado construída pela sociedade e aprovada pelo parlamento brasileiro.

No primeiro ciclo do Escola em Tempo Integral, executado entre 2023 e 2024, os municípios, os estados e o Distrito Federal declararam 965.121 matrículas de tempo integral. Até 2026, o governo federal apoiará a criação de 3,2 milhões de novas matrículas de tempo integral em todas as etapas e modalidades.

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MTE retira 111 crianças e adolescentes de trabalho infantil na Paraíba

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Redação do Portal da Capital

O Ministério do Trabalho realizou, entre os dias 27 de novembro e 1º de dezembro, uma ampla operação de combate ao trabalho infantil nas feiras livres e mercados públicos das cidades de João Pessoa, Campina Grande e Bayeux, na Paraíba, esultando na retirada de 111 crianças e adolescentes de situações graves de exploração de trabalho infantil.

Durante a operação, os auditores-fiscais do Trabalho identificaram crianças e adolescentes, com idades entre 7 e 17 anos, desempenhando atividades classificadas como algumas das piores formas de trabalho infantil, conforme o Decreto nº 6.481/2008. Em muitos casos, essas crianças e adolescentes enfrentavam jornadas de trabalho exaustivas que começavam ainda de madrugada.

De acordo com a equipe de fiscalização, as crianças e adolescentes estavam envolvidos em atividades como a venda de produtos ao ar livre, carregamento de mercadorias e manuseio de instrumentos perfurocortantes. Eles estavam expostos a condições extremas, como a radiação solar e a chuva, além de realizar esforços físicos intensos, o que aumentava os riscos de acidentes graves, como ferimentos, mutilações e atropelamentos.

No Mercado Público de Bayeux, foram encontrados uma menina de sete anos vendendo verduras e outra de onze anos, envolvida no corte e venda de frangos. Ambas estavam executando atividades classificadas entre as piores formas de trabalho infantil, conforme os itens 73 e 81 da Lista das Piores Formas de Trabalho Infantil (Decreto nº 6.481/2008), que proíbem o trabalho infantil em logradouros públicos e o manuseio de instrumentos cortantes.

No intuito de garantir os direitos fundamentais de crianças e adolescentes, a auditoria-fiscal do Trabalho encaminhou os dados dessas crianças à rede de proteção, para que sejam incluídas em políticas públicas voltadas para a assistência social, saúde e educação. Já os adolescentes a partir de 14 anos serão direcionados a programas de aprendizagem profissional, os quais oferecem qualificação, experiência prática em ambientes de trabalho seguros e protegidos, além de assegurar o cumprimento de todos os direitos trabalhistas e previdenciários.

O auditor-fiscal do Trabalho, Eugênio Marques, membro da Coordenação Nacional de Fiscalização do Trabalho Infantil, destacou que a situação observada nas feiras fiscalizadas é recorrente, com muitas crianças e adolescentes envolvidos em atividades como o carregamento de mercadorias em carros de mão, trabalho em açougues públicos e venda de produtos em barracas, frequentemente sem a presença dos pais. Além disso, foi constatado que vários adolescentes estavam fora da escola, o que agrava ainda mais os danos ao seu desenvolvimento pessoal e educacional.

“A Auditoria Fiscal do Trabalho busca, por meio de ações planejadas e de uma atuação articulada, construir soluções permanentes e sustentáveis, evitando o retorno das crianças e adolescentes a situações de exploração do trabalho infantil”, explica Eugênio Marques.

Como denunciar?

Dados oficiais sobre ações de combate ao trabalho análogo à escravidão no Brasil estão disponíveis no Painel de Informações e Estatísticas da Inspeção do Trabalho no Brasil. Denúncias podem ser feitas de forma anônima pelo Sistema Ipê.

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