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Voto dos evangélicos terá peso inédito nas eleições de 2018

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Em um cenário eleitoral polarizado, com muitos políticos do chamado “centrão” de olho no Palácio do Planalto e pouco dinheiro para financiar as campanhas, um grupo aparentemente homogêneo de eleitores vem brilhando os olhos dos presidenciáveis: os evangélicos. Eles somam praticamente um terço da população, segundo o Datafolha, e podem ser decisivos para definir o pleito.

A três meses do prazo para um candidato se filiar ou trocar de partido, os interessados em participar da disputa eleitoral intensificaram seus movimentos para conquistar o segmento. Fundador e presidente do Ministério Sara Nossa Terra, o bispo Robson Rodovalho afirmou ao HuffPost Brasil que alguns candidatos já o sondaram, informa reportagem do MSN Notícias.

“Embora ainda esteja cedo, alguns candidatos já me procuraram para falar sobre candidaturas, mas estamos procurando por valores para unificar o segmento, fazer o maior número possível de deputados e senadores, e alinhar com a possível candidatura presidencial junto aos nossos valores”, explica.

Rodovalho destrincha o perfil que o grupo considera ideal para presidir o País a partir de 2019:

“O que nós entendemos que a sociedade anseia hoje é por um candidato que tenha compromisso com a questão do liberalismo do mercado, alguém que respeite regras do mercado, que seja pró-desenvolvimentista, capaz de gerar emprego, capaz de dar garantias do ponto de vista do crescimento econômico e ao mesmo tempo que seja conservador nos valores, na família natural, homem e mulher, na vida, contra a questão do aborto. A sociedade brasileira é bem posicionada sobre isso, e a gente está procurando exatamente uma ressonância nesse sentido.”

Nos últimos dias, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, interessado em concorrer pelo PSDB, e o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, que cogita sair candidato pelo PSD, fizeram aceno aos evangélicos. Ambos apresentam afinidade com o perfil desejado por Rodovalho, cada um à sua maneira. Segundo colocado nas pesquisas presidenciais, o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) também tem despertado a simpatia aos evangélicos.

Para Rodovalho, Bolsonaro, único que não se coloca como candidato de centro, é um dos que têm possibilidade de se alinhar com o segmento. “Não acredito que já esteja, mas acredito que é possível um alinhamento a depender das bandeiras.” Em eleições anteriores, o segmento esteve na mira de Lula e Dilma Rousseff a Marina Silva e Aécio Neves, por exemplo.

A estratégia dos líderes evangélicos para este ano espera por uma definição apenas entre fevereiro e março.

Ainda está cedo para tomar qualquer tipo de decisão, mas não é cedo para conversar.

Meirelles e Sara Nossa Terra

A peregrinação dos presidenciáveis começou cedo. Em setembro, Meirelles gravou um vídeo para pedir apoio dos evangélicos na aprovação da reforma da Previdência e começou com uma súplica: “preciso da oração de todos”.

Esse foi um dos movimentos do presidenciável para se aproximar dos fiéis. No último dia 5, foi apresentado por Flávio Rocha, presidente do grupo Riachuelo, como o responsável pelo “maravilhoso milagre da economia brasileira”, em culto da igreja evangélica Sara Nossa Terra, em Brasília (DF), na presença de Rodovalho.

Em junho, participou da comemoração dos 106 anos da Assembleia de Deus em Belém (PA). No mês seguinte, foi a vez a um novo encontro com membros da mesma igreja em Juiz de Fora (MG).

Em entrevista ao jornal Estadão, o ministro, que é católico, diz que se aproximou da Assembleia de Deus porque a igreja “compartilha da mesma mensagem de gastar só o que se ganha” na doutrinação a seus fiéis. Ele alega também buscar apoio para a aprovação da reforma da Previdência.

Meirelles tem até abril para decidir se deixará o governo de Michel Temer para ser candidato. De acordo com pesquisa Datafolha publicada em dezembro, as intenções de voto variam entre 1% e 2%, dependendo do cenário. O ministro da Fazenda é conhecido por 48% dos eleitores.

Disputa pelo voto evangélico

Provável candidato do PSDB, Alckmin também está de olho nos evangélicos, a fim de garantir que os votos do grupo não sejam conquistados pelo deputado federal Jair Bolsonaro.

Em agosto, o tucano participou da abertura da Expo Cristã, maior feira do segmento gospel no Brasil. O anfitrião do evento é o pastor da Assembleia de Deus Silas Malafaia. “Nós precisamos nos inspirar na igreja”, disse o presidenciável.

O governador deve organizar um jantar no Palácio dos Bandeirantes com líderes religiosos e visitar cultos da Assembleia de Deus Paulistana, da Fonte da Vida e da Igreja Mundial do Poder de Deus, de acordo com a Folha de S.Paulo.

As intenções de voto de Alckmin ficaram entre 6% e 12%, dependendo do cenário, de acordo com pesquisa Datafolha divulgada em dezembro. Ele é conhecido por 85% dos eleitores.

Lula e Bolsonaro estão empatados nesse segmento, segundo o Datafolha. O ex-presidente tem 14% de preferência, contra 13% do parlamentar. A margem de erro é de dois pontos percentuais.

Apesar de católico, Bolsonaro já se batizou no rio Jordão (Israel) pelas mãos do pastor Everaldo Pereira, presidente do PSC, partido que ele decidiu abandonar para disputar o Palácio do Planalto.

Voto evangélico com peso maior
Na avaliação do cientista político Antonio Lavareda, o voto evangélico terá um peso maior nas eleições de 2018 devido ao fim do financiamento privado de campanhas. “Provavelmente o voto evangélico vai ser mais importante nessa eleição de 2018 do que já foi anteriormente no Brasil”, afirmou ao HuffPost Brasil.

De acordo com Lavareda, “as eleições de deputados federais e estaduais e também a presidencial e de governador vão ser eleições com orçamentos inusuais, provavelmente os mais baixos de toda a Nova República. Nesse contexto, candidatos apoiados por corporações quantitativamente relevantes levam vantagem”.

O Congresso aprovou R$ 1,716 bilhão para o Fundo Especial de Financiamento de Campanha neste ano. O fundo foi criado em resposta à proibição das doações empresariais, decidido pelo STF (Supremo Tribunal Federal) em 2015.

Especialista em pesquisas eleitorais e ex-consultor de estratégia de 91 campanhas majoritárias, Lavareda destaca o aumento da bancada evangélica no Congresso Nacional e a expansão do número de representantes desse setor eleitos nas eleições municipais de 2016, com destaque para áreas na periferia das regiões metropolitanas.

A Frente Parlamentar Evangélica do Congresso conta com 199 deputados e 4 senadores. Levantamento do Departamento de Assessoria Parlamentar identificou que nas eleições de 2014 foram eleitos 74 novos deputados do setor, seguindo tendência de crescimento.

Lavareda ressalta que não necessariamente o novo presidente será evangélico, mas lembra que candidatos dessa religião tiveram desempenho relevante em recentes eleições presidenciais.

Ele cita 2010, quando Marina Silva disputou o cargo pelo PV, conquistou o terceiro lugar, com 19,33% dos votos. Já em 2002, Anthony Garotinho, que concorreu pelo PSB, também ficou em terceiro, com 17,86% dos votos. No segmento, ele tinha 42% das intenções de voto, enquanto Lula, vencedor do pleito, tinha 27%, segundo o pesquisador.

O voto dos evangélicos é mais orgânico do que de outras religiões, segundo o especialista. Isso significa que esse setor vota mais em bloco, de acordo com a orientação dos líderes religiosos. “Se uma denominação evangélica apoiar um candidato, vai ficar mais fácil um apoio maior desses fiéis para esse candidato”, exemplifica.

Em 1991, 9% da população do País se declarava evangélica, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Em 2010, o grupo chegou a 22%. Segundo pesquisa Datafolha publicada em dezembro, os fiéis dessa religião correspondem a 32% dos brasileiros.

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Piso salarial: profissionais da Educação Básica podem receber mais de R$ 3 mil por 40h semanais

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Redação do Portal da Capital

A discussão sobre o piso salarial dos profissionais da educação básica avança na Câmara dos Deputados. Recentemente, a Comissão de Educação aprovou uma proposta para fixar a remuneração mínima em 75% do piso salarial dos professores para área técnica e administrativa. Com isso, o valor mínimo para uma jornada de trabalho de 40 horas semanais seria de R$ 3.435,42.

Na opinião do professor da Educação Básica da Secretaria de Estado da Educação do governo do Distrito Federal Alessandro Araújo, a categoria está ganhando mais espaço nas pautas governamentais. Ele defende a medida como uma maneira de valorizar um pouco mais a categoria.

“Acredito que os valores a serem atualizados anualmente, no mês de janeiro, com base no mesmo índice utilizado para a utilização do piso salarial dos professores, será viável, pois teremos a possibilidade de uma pauta de luta unificada”, opina o professor da Educação Básica da Secretaria de Estado da Educação do governo do Distrito Federal Alessandro Araújo.

O substitutivo aprovado — aquele que altera o texto original e tem preferência na votação sobre o projeto inicial — estabelece ainda que os valores deverão ser atualizados anualmente no mês de janeiro com base no mesmo índice utilizado para atualização do piso salarial dos professores.

Cenário pouco provável

Apesar da medida tentar melhorar o segmento da educação básica no país, lembra o Brasil61, alguns especialistas e profissionais da área acreditam que as chances dessa mudança acontecer são poucas.

Para o advogado Henrique de Mello Franco, que trabalha com direito educacional, a proposta dificilmente será transformada em legislação — mesmo que seja, ele pressupõe que o poder Judiciário certamente a eliminará.

“Desde, pelo menos o ano 2000, a Constituição Federal diz que ‘é vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer espécies remuneratórias para o efeito de remuneração de pessoal do serviço público’. Portanto, a remuneração dos profissionais não docentes não poderia ser vinculada a qualquer outro parâmetro, como percentual dos docentes”, explica.

Segundo o especialista, o mais provável é que as normas sobre o assunto continuem como estão. “A questão é que agora a situação vai depender das políticas próprias de cada ente da federação e cada categoria profissional”, acrescenta o advogado.

O relator do projeto é o deputado Idilvan Alencar, do PDT do Ceará. O texto proposto substituiu o Projeto de Lei 2531/21, de autoria da deputada Rose Modesto, do Mato Grosso do Sul. A proposta inicial defendia um valor fixo como piso salarial equivalente a 75% da remuneração mínima dos professores – à época, R$ 2.164,68.

Proposta não atende a categoria

O doutor em psicologia educacional pela Universidade de Reading, Inglaterra, e pesquisador em educação Afonso Celso Galvão, diz que a medida pode até ser boa no processo de desenvolvimento do sistema educacional brasileiro, mas acredita que ainda é muito tímida no contexto de uma remuneração que possa contemplar a categoria.

“O grande entrave, como sempre, é a capacidade do Estado e, principalmente, no caso da educação básica, dos municípios de arcarem com isso. Por isso que eu penso que deve haver uma entrada mais efetiva e mais eficiente do governo federal na educação básica”, analisa.

Próxima etapa

Com aprovação na Comissão de Educação, o projeto segue agora para análise, em caráter conclusivo, pelas comissões de Trabalho, de Administração e Serviço Público; de Finanças e Tributação; e de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ).

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Programa do Senado Federal de combate à violência contra a mulher é tema de evento em Nova York

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Redação do Portal da Capital

A cidade de Nova York, localizada nos Estados Unidos, sediou durante esta semana o Brazilian Week 2024, evento que tem como foco os desafios do cenário internacional e da economia brasileira, além de temas como ESG, inteligência artificial, casos de inovação e negócios.

Durante a programação desta terça-feira (14/05), a senadora paraibana e presidente da Comissão Mista de Orçamento (CMO) do Senado Federal, Daniella Ribeiro (PSD), discutiu a importância da destinação de recursos no enfretamento à violência contra a mulher.

Daniella apontou as ações do programa ‘Antes que Aconteça’, que destinará R$ 315 milhões à pauta.

“Nós mulheres muitas vezes somos vistas objetificadas. Entendo que isso tem mudado, então por isso, na oportunidade de estar na Comissão Mista de Orçamento e aí quando falo da importância das mulheres nos espaços de poder e no espaço que elas lutam porque tem vocação e querem estar lá, nós criamos um primeiro projeto inédito chamado ‘Antes que Aconteça’, dedicada à violência doméstica contra a mulher. R$ 315 milhões de reais para a violência doméstica”, detalhou.

Confira:

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Oposição garante vitória na Câmara e retira de pauta o projeto que regulamenta serviço audiovisual

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Redação do Portal da Capital

O Projeto de Lei 8889/2017,  que regulamenta e obriga serviços de streaming a investirem anualmente pelo menos 10% do seu faturamento bruto em produções nacionais, foi retirado de pauta provisoriamente na Câmara dos Deputados durante sessão desta terça-feira (14/05) após pressão da oposição.

A proposta é chamada de PL da Globo pelos parlamentares da oposição ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A matéria prevê a contribuição progressiva das empresas de streaming e plataformas de conteúdo para Contribuição para o Desenvolvimento da Indústria Cinematográfica Nacional (Condecine). O texto não fala sobre usuários.

Por meio da cobrança das plataformas, como Netflix, Amazon Prime Video, Disney+, YouTube, o objetivo é financiar a indústria audiovisual nacional.

Vice-líder da oposição, o deputado federal Cabo Gilberto (PL), celebrou a derrubada da matéria no plenário.

“Depois da pressão do senhor cidadão, que pressionou os parlamentares à retirada de pauta desse projeto maléfico que iria prejudicar a população e taxar as redes sociais, plataformas de streaming, e agora foi retirado de pauta e vamos continuar pautando emergências ao Rio Grande do Sul”, disse.

Confira:

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