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Cícero e a reeleição: perfil moderado do prefeito pode facilitar adesões

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*por Nonato Guedes

Num evento, ontem, de celebração dos 40 anos do bairro de Mangabeira, em João Pessoa, o prefeito Cícero Lucena (PP) atraiu a presença do deputado federal Cabo Gilberto Silva (PL), nome carimbado da direita como opção para concorrer à prefeitura, juntamente com o do radialista Nilvan Ferreira. Na semana passada o dirigente estadual do PT, Jackson Macêdo, admitiu que o apoio à candidatura de Cícero à reeleição em 2024 pode entrar no radar do partido, embora haja postulações de filiados que apostam em candidatura própria, como os deputados estaduais Luciano Cartaxo e Cida Ramos. Essa desenvoltura de Cícero na articulação política tem chamado a atenção dos analistas, que acreditam ser o prefeito de João Pessoa capaz de formar uma “frente ampla” em torno do seu projeto. Oficialmente ele já é o candidato preferido do governador João Azevêdo (PSB), que teve seu apoio em 2022.

Conforme as análises, o perfil político moderado que Cícero Lucena exibe na sua trajetória o credencia a somar adesões num arco ideológico bastante variado, que vai do centro à esquerda e à direita. Em muito colabora para isto o estilo de convivência de Cícero, que é pautado no não-radicalismo, ou seja, na negação do sectarismo ideológico. Ele iniciou sua trajetória como empresário egresso da construção civil, filiado ao PMDB onde pontificava a liderança marcante do senador Humberto Lucena. Foi escolhido por Ronaldo Cunha Lima para seu vice na chapa que disputou o governo do Estado em 1990 e que derrotou em segundo turno o ex-governador Wilson Braga, que alternava momentos de ostracismo e de brilho fugaz nos estertores da sua trajetória longeva e respeitada. A chapa foi vitoriosa com o apoio decisivo, à época, de João Agripino Neto, herdeiro do ex-governador João Agripino Maia e que assumiu papel pendular na disputa que enterrou a pretensão de Braga de voltar ao Palácio da Redenção.

Posteriormente, Cícero assumiu a titularidade do governo por dez meses, completando a jornada de Ronaldo, que se afastara para disputar o Senado. Não havia, ainda, o instituto da reeleição, mas Cícero teve a oportunidade de ser alçado a uma Secretaria de Políticas Regionais, com status de ministério, no governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Em 1996 disputou a prefeitura de João Pessoa pela primeira vez, saindo vitorioso, e em 2000 candidatou-se à reeleição, também com êxito. O próximo mandato seria o de senador da República, que Cícero cumpriu integralmente. Sua terceira investidura na prefeitura de João Pessoa deu-se em 2021, após campanha acirrada em 2020 que contou com a participação de um verdadeiro pelotão de candidatos, inclusive um ex-governador, Ricardo Coutinho, e um comunicador, Nilvan Ferreira, que se anunciava como “outsider” da política. A candidatura de Cícero à reeleição em 2024 torna-se natural diante do trabalho que empreende e da colaboração que tem tido da parte da administração de João Azevêdo no Estado.

Ideologicamente, o perfil de Cícero Lucena é o de um político de centro-direita, mas ele tem evitado se identificar com rótulos e, muito menos, mergulhar em embates ideológicos acirrados como os que têm sido travados nos últimos anos no cenário político brasileiro. Uma característica sua, que aliados e adversários qualificam como atributo, é a de dar crédito a parcerias que viabilizem seus projetos administrativos. Assim se deu com o governo de Jair Bolsonaro, que chegou a beneficiar João Pessoa já na sua administração, e tem sido com o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com quem Lucena participou de um evento simultâneo por videoconferência, tratando sobre investimentos no setor habitacional. Ainda ontem, falando à imprensa, Cícero deixou claro que se esquiva de cobranças quando as parcerias feitas com a sua gestão objetivam, concretamente, favorecer a população da Capital paraibana. Ele conta, ainda, com aliados influentes em Brasília para ajudá-lo a destravar demandas em torno de pautas sobre João Pessoa e conseguiu eleger um filho, Mersinho Lucena, à Câmara Federal, na campanha passada.

Há a convicção, nos meios políticos, de que o governador João Azevêdo terá papel valioso no projeto de Cícero para pleitear a reeleição no próximo ano, mas que, independente da influência do chefe do Executivo, que agora é presidente do Consórcio Nordeste, o próprio Lucena terá espaços de mobilidade para costurar entendimentos políticos e firmar alianças que considere indispensáveis à meta de conquistar mais um mandato nas urnas. A grande aposta do prefeito é na obtenção de resultados das obras, investimentos e políticas públicas que está deflagrando na atual administração, em regime de parcerias, mas ele sabe que o arco de sustentação de forças políticas é igualmente essencial para consolidar as perspectivas que tenciona viabilizar. Desse ponto de vista, seguirá investindo em “pontes” e evitando a rota dos atalhos. A dados de hoje, Cícero chegará à disputa com uma estrutura de respeito e, portanto, com cacife para sonhar com a possibilidade de uma nova recondução à prefeitura de João Pessoa.

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Rebate de Pedro a Nilvan antecipa uma definição de 2º turno em João Pessoa

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Redação do Portal da Capital

* Por Josival Pereira

A imprensa do estado está repercutindo declarações do ex-deputado Pedro Cunha Lima (PSDB) que adjetiva de “fraco” o comunicador Nilvan Ferreira, ex-candidato a governador pelo PL, em 2022. A fala ocorreu em entrevista ao programa Correio Debate, nesta quarta-feira (31).

Pedro havia sido provocado a comentar críticas de Nilvan condenando sua atitude de ir cumprimentar o presidente Lula no aeroporto João Suassuna, em Campina Grande, quando da visita presidencial à Paraíba, em março, e não escondeu o incômodo.

Aproveitou, porém, para reclamar das críticas de Nilvan e o taxou de “fraco”. Não foi uma declaração contundente, ou seja, não veio acompanhada de uma cascata de críticas e considerações desabonadoras, mas não há como não avaliar que a manifestação de Pedro transborda a animosidade reinante entre o grupo político que representa e um dos principais representantes do bolsonarismo na Paraíba.

A animosidade certamente começou nas eleições municipais em 2016 em João Pessoa quando o então candidato Ruy Carneiro (PSDB) e seu grupo político (Cunha Lima) decidiram adotar a neutralidade no segundo turno, que tinha Nilvan como candidato contra Cícero Lucena.

Pode ter se agravado ainda no primeiro turno da campanha para governador, quando, em determinado momento, o ex-senador Cássio Cunha Lima começou a defender abertamente que a candidatura de Pedro seria mais competitiva num possível segundo turno, reduzindo a perspectiva de poder de Nilvan.

O ápice da animosidade deve ter chegado ao segundo turno das eleições governamentais, com NIlvan se negando a apoiar a candidatura de Pedro Cunha Lima e adotando a “neutralidade” depois de ter exigido manifestação expressa do candidato de oposição à campanha de Bolsonaro, o que não ocorreu.

Essa declaração de Pedro agora é um claro sinal de que existe um abismo político entre Nilvan e o grupo Cunha Lima, que dificilmente será superado.

Indica abertamente a antecipação de posições políticas na Capital para 2024 e a tendência de que Pedro Cunha Lima, sendo candidato a prefeito ou apenas liderando o grupo Cunha Lima, terá dificuldades de apoiar a candidatura de Nilvan Ferreira num possível segundo turno e que a recíproca será verdadeira.

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A quem interessa “queimar” Leo?

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Redação do Portal da Capital

O vice-prefeito Leo Bezerra (PSB), de João Pessoa, Capital do Estado da Paraíba, volta e meia, tem sido alvo de flechas com pontas flamejantes que tentam acertá-lo em cheio para “queimá-lo” politicamente.

Isso é fato. Todo mundo ouve. Todo mundo vê.

Porém, também é nítido o fato de que os “incendiários” parecem esquecer que Leo Bezerra é um dos raros políticos difíceis de “queimar”. E isso se dá por alguns fatores muito simples, porém, inquestionavelmente eficazes e importantes: Leo é fiel ao seu grupo político e, até agora, tem saído de casa todos os dias disposto apenas a cumprir exatamente o que foi “acordado”, ou seja, o papel de um agente político que, por ventura, é um vice-prefeito que dá todo suporte para que o prefeito trabalhe de modo seguro e tranquilo.

Mas, a pergunta que faço é: a quem interessa “queimar” Leo?

Quem será essa pessoa que escolheu fazer um trabalho tão difícil e de péssima qualidade como este?

Leo Bezerra tem cumprido tão bem o seu papel que o prefeito Cícero Lucena (PP) tem feito comentários públicos e reiterados de que o seu vice “é o segundo prefeito de João Pessoa“.

Uma parceria como essa, meus amigos… os pessoenses não veem há muitos mandatos. A bem da verdade, desde o mandato de prefeito assumido por Ricardo Coutinho, lá pelos anos de 2005 que, nós, moradores e eleitores da Capital paraibana, não víamos um mandato tão harmônico entre prefeito e vice. Ou você quer me dizer que esqueceu do relacionamento político cheio de ranhuras entre o então prefeito Ricardo e o seu vice e hoje saudoso Luciano Agra?

Não me diga que você, caro leitor, também esqueceu do relacionamento político frustrado entre o então prefeito Luciano Cartaxo e o seu então vice, Nonato Bandeira, lá em 2012, que culminou em racha? Do mesmo modo que aconteceu no mandato seguinte, quando a parceria política de Cartaxo com o seu vice Manoel Júnior, em 2016, foi tão mal costurada desde o início que João Pessoa ficou praticamente sem um vice-prefeito. Tanto que, Manoel Júnior, no meio do exercício do mandato na Capital paraibana trabalhou, se afastou do cargo, fez campanha, venceu e foi ser prefeito do município de Pedras de Fogo. Inclusive, terra da qual ele realmente gostava. E nem faça cara “feinha” ao ler isso aqui. Não é porque Manoel desencarnou que vou deixar de dizer a verdade. Até porque eu disse isso publicamente várias vezes enquanto ele estava “vivinho da Silva”.

Mas, é por essas e outras que volto a perguntar: a quem interessa “queimar” Leo?

Quem é a criatura tão pequena, mesquinha e, por que não dizer “ruim”, que insiste em tentar “queimar” Leo mesmo sabendo e vendo que ele é um vice-prefeito que, finalmente, como disse lá em cima, sai de casa para cumprir o seu papel político com esmero?

Bom… seja você quem for… preciso dizer: pare! Porque a sua missão está feia e cada vez mais frustrada porque até o governador João Azevêdo, que é do PSB e, portanto, colega de partido do vice-prefeito de João Pessoa, também tem feito elogios públicos e reiterados em relação a conduta política, parceira e fiel de Leo Bezerra, inclusive, junto a sua postura quanto a sigla que representa.

Pare! Porque, a preço de hoje, Leo Bezerra que, sabidamente, segue cumprindo seu papel político com sucesso, está cada vez mais consolidado como vice de Cícero Lucena nas Eleições 2024 contando, inclusive, com apoio da base eleitoral do prefeito e dos integrantes do partido do governador.

Seja você quem for… pare! Porque me incomoda saber que você assumiu uma missão tão árdua para, praticamente, nada.

Pare! E, em nome do bem de todos os pessoenses, decida dedicar essa sua força de trabalho para, ao invés de destruir, reconstruir uma realidade onde parcerias políticas harmônicas são possíveis.

Mas, sinceramente? Seja você quem for… gostaria de sentar contigo para tomar um café acompanhado com bolinhos de queijo só para ouvir a tua história e, principalmente, saber dos teus reais interesses políticos… porque uma coisa a gente sabe: normalmente, a criança frustrada, mal educada e birrenta que não tem o brinquedo que quer tenta quebrar o do coleguinha. E eu, realmente, gostaria de te dizer que pega mal… muito mal.

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Drama do PT será barrar avanço da extrema-direita nas eleições de 2024

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Redação do Portal da Capital

* Por Josival Pereira

A participação do presidente estadual do PT, Jackson Macedo, em encontro em defesa da democracia com partidos do campo de esquerda por iniciativa do PSB ao mesmo tempo em que ocorria uma reunião promovida pelo diretório do partido em João Pessoa para discutir a conjuntura local e a apresentação de candidatura a prefeito em 2024 aumenta o fosso entre correntes petistas na capital paraibana, deixando a impressão de que as divergências por aqui são intransponíveis.

Parece se tratar de um problema local, que se repete a cada eleição. Mas não é assim. Mesmo na paróquia, os personagens se misturam. O grupo que defende candidatura própria, por exemplo, reúne duas correntes que se opunham fortemente até recentemente. São os agrupamentos liderados pelo ex-governador Ricardo Coutinho, que tem a deputada Cida Ramos como pré-candidata, e o do ex-prefeito Luciano Cartaxo, também pré-candidato. Já o presidente Jackson Macedo tem ponderado sobre candidaturas próprias na atual conjuntura.

Qual o foco principal do PT nas eleições municipais? É buscar eleger o maior número possível de prefeitos, lançando candidatos em todas as capitais e cidades onde for possível, ou tentar barrar o crescimento da extrema-direita? É promover alianças para facilitar a governabilidade do presidente Lula ou tentar ocupar mais espaços disputando prefeituras à larga?

Essa discussão já faz parte do dia a dia dos ideólogos e formuladores nacionais do PT. Faz parte das preocupações da direção nacional e deverá ser submetida a discussão em encontro nacional do partido. Será, certamente, incluída nas definições táticas da legenda, com resolução dando à Executiva nacional a responsabilidade por definições de alianças e candidaturas nas grandes cidades.

Uma corrente, que se encaminha para ser majoritária, defende que o foco do partido deverá ser impedir o crescimento da extrema-direita bolsonarista, valendo, para tanto, alianças com partidos de centro e até da direita tradicional, especialmente se essas legendas estejam ajudando ou possam ajudar a governabilidade da gestão do presidente Lula.

Outra corrente avalia que é uma ilusão apostar em alianças com partidos de direita, acreditando que nas próximas eleições presidenciais essas e legendas vão, inevitavelmente, se unir contra o PT e que, agora, no Congresso, tudo se converte em jogo de interesses, tornando a governabilidade é uma questão pontual, não de tática eleitoral.

Assim, a definição de candidaturas ou alianças em João Pessoa estará sujeita ao posicionamento do PT em relação à tática a ser adotada na conjuntura nacional. Se engalfinhar aqui não vai adiantar nada.

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